quinta-feira, 31 de março de 2011

Livros

"Ai que prazer
Não cumprir um dever
Ter um livro pra ler 
E não o fazer!
Ler é maçada.
Estudar é  nada(...)

(...)Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma(...)"

Fernando  Pessoa in "Liberdade"




Tuberculose

Tomei contato com a obra de Critovão Tezza em meados de 2009, ano em que seu livro "O Filho Eterno" açambarcou todos os prêmios possíveis em língua portuguesa (o que rendeu ao autor além de fama e reconhecimento uma considerável – considerável mesmo – quantia em dinheiro). Encantei-me pelo livro, e em conseqüência pelo escritor, de maneira que lhe fui ler outras obras.  Num dos livros que campeei, "Trapo", história de um jovem poeta que se suicida (não atrapalho a leitura de ninguém, isso é dito na primeira página do livro), achei lá um trecho em que o protagonista deixa escrito que lhe falta uma tuberculose. Batata: lembrei-me que, também adolescente, metido a escrever versos (não bons como nos faz supor o narrador do livro do Tezza seriam o do poeta suicida) também pedia, num poemeto pacóvio, um lustre e uma tuberculose (o lustre tinha que ver lá com o tema do meu poema e é absolutamente desnecessário citar aqui). Imagino que nove entre dez adolescentes que foram razoáveis leitores em suas épocas de colégio (e razoavelmente tristes também), escreveram versos e pensaram em tuberculoses e nos poetadas malditos, Alvarez de Azevedo da vida. Então, achar aí alguma grande coincidência literária seria ingênuo, o que não fez da leitura e da comparação menos gostosa (pô, fui um adolescente metido a poeta e triste, e queria ter tuberculose, cara!). Deixo a dica de um excelente escritor contemporâneo: recomendo vivamente Cristovão Tezza nos livros "O Filho Eterno" e "Trapo", ao menos.

Altura

Na última terça-feira li na Folha de S. Paulo uma interessante matéria a respeito de um rapaz, morador de rua em São Paulo, que por medo da violência (ele se refere ao menos a dois episódios marcantes, quando queimaram sete mendigos na Sé em 2004 e da execução de cinco moradores de rua no Jaçanã em 2010 – pausa: Por que diabos Adoniran Barbosa diz na famosa canção "moro EM Jaçanã, se eu perder esse trem..."? Não sou paulistano, mas estou muito enganado ou se chama o bairro aí por no Jaçanã?), retomo. André Luís Rodrigues Agusto, 23 anos, analfabeto puríssimo, como ele mesmo se autodefine, resolveu morar a seis metros de altura do chão numa figueira-branca no centro da capital. Embora não se sinta exatamente feliz por lá morar, diz que a altura não o incomoda, que as pessoas embaixo falam com ele, suas namoradas sobem na árvore à noite, mas que, obviamente, pretende ainda mudar de vida "porque ninguém quer morar numa arvore pra sempre".
Acrofobia. É nome que se dá para quem tem medo de altura. Eu tenho, muito. Não chego perto de para-peitos nem de sacadas de prédio. Cenas em filmes e pessoas em locais altos e desprotegidos me causam mal estar grande. A ciência não explica perfeitamente o porquê, mas pode ser algum trauma de infância, embora haja uma linha de pesquisa ainda bem inicial que relaciona à um problema genético, uma certa alteração que se verificou em pessoas com medo de altura (em Portugal chamam graciosamente a essas pessoas de sofredores da atracção do abismo). É claro me lembrei de Kafka. E fui ao conto preciso, assim que terminei de ler a matéria. "A Primeira Dor", do livro "Um artista da fome/A Construção". Nesse conto o protagonista é um trapezista que, para aperfeiçoar infinitamente sua arte, vive no trapézio. Nunca sai de lá. É apenas abordado pelos que trabalham nos reparos das estruturas superiores do circo e por outros trapezistas menores a quando do espetáculo. Não vou contar o resto para não estragar a história, mas a patente diferença entre a metáfora kafkiana da solidão relacionada à altura e a incompreensão de quem não vê o outro fica evidente como o paradoxo dos moradores de rua: no chão, deitados, são parte da paisagem da metrópole e nem notados, quando um subiu na vida, foi visto e saiu até no jornal. Recomendo vivamente a leitura do livro do Kafka e desse conto em questão, para que saibam que fim toma o nosso herói trapezista (do nosso herói da figueira duvido que ouviremos falar novamente). Em tempo: no mesmo dia, o jornal publicou matéria em que pesquisas indicam que a aplicação de cortisol em pacientes em tratamento contra fobias (sobretudo acrofobia) tem resultados porcentuais muito melhores do que o grupo de controle tomando placebo, como se o cortisol servisse para ajudar a concentração do cérebro para aprender a lidar com a fobia.

Comuns

Essa literatura feita de homens comuns, de gente ordinária, me interessa sobremaneira. Não é uma crítica aos clássicos, aos Hamlets e Odisseus, até porque venero os clássicos. Mas há ótima literatura (até nos clássicos) tratando a gente ordinária e colocando a vida em seu devido lugar: passageira, tênue, precária e breve. Se considero banal que um jovem escreva versos quando triste na adolescência e digo que eu mesmo passei por isso, se trago ao nível da percepção do isolamento e da inadequação um morador de rua que escolhe uma árvore para viver, se trato um trapezista maluco como apenas um solitário sem par é porque somos homens comuns, tentando sobreviver em meio à "opacidade do mundo". Quando esses meninos envelhecem, ainda continuam banais.
Philip Roth escreve um belíssimo romance chamado "Homem Comum" em que descreve e destila a vida de um sujeito absolutamente normal, imerso num cotidiano cercado pelas mazelas do dia a dia, as frustrações das más escolhas, as pequenas felicidades e tudo quanto forma a vivência de todos os dias. Roth se concentra, na verdade, na velhice.  Mesmo durante a juventude da personagem, o questionamento sobre a existência é um totalizante mal estar quanto ao fim inexorável da vida. Mas Roth vai além. Explica como a velhice não é uma batalha, mas um massacre, e um massacre que tende a se tornar solitário (como melhor ainda explica Norbert Elias em "A Solidão dos Moribundos"). Recomendo vivamente a leitura de "Homem Comum", de Philip Roth.

Morte

Quando forem ler o livro de Philip Roth, na primeira página encontrarão a descrição de seu enterro. Portando nada estrago dizendo que ele morre. Assim como em "A Morte de Ivan Ilitch", uma estupenda novela de Tolstói (na qual não tenho a menor dúvida Roth bebeu para escrever seu romance), pelo título nada atrapalharei a quem for se aventurar a ler dizendo que Ivan vem a falecer. Ivan Ilitch é um homem desprezível e banal. Mas enfermo, passa a reparar em coisas que antes não prestava atenção. Aqui se trata de notar que  diante da fragilidade da existência (a tuberculose e o suicídio dos poetas, a solidão dos esquecidos, o massacre acachapante aos idosos) é o momento em que nos tornamos ainda mais parte de uma coisa só, mais comuns, mais banais, mais atados ao medo ontológico que nos define, e então conscientes do quão ingente é o caráter transitório da vida. Não vou contar as mudanças ou não mudanças na atitude das personagens todas descritas na hora de morrer (exceto nosso amigo da figueira que ainda deve – saberá deus – estar vivo), mas dou uma dica para Ilitch: Tolstói ainda não era um benevolente e recluso pastor de almas como foi ser no final de sua vida. Recomendo vivamente a leitura da novela "A Morte de Ivan Ilitch" de Liev Tolstói.

Rir

Euclydes da Cunha, embora tenha sido quem foi, se sentia um homem ordinário e dizia: "nunca perdi este traço de filho da roça que me desequilibra intimamente ao tratar com quem quer que seja". Apesar de tudo quanto produziu, Euclydes sofreu com as pequenas coisas comezinhas do cotidiano avassalador que assola a todos nós e sua morte foi, dizem-no muitos, mais um suicídio do que um assassinato (morreu num duelo com o amante de sua esposa). Só como curiosidade, seus parceiros, incentivadores da república, Raul Pompéia: também se matou; Silva Jardim: acreditem – caiu dentro do Vesúvio. Manuel Bandeira dizia "tenho medo de ter medo na hora de morrer". Alguns têm, outros não terão, isso mais nos afasta como homens comuns do que nos aproxima. O que, então?
Bergson nos ensina que "o riso de si mesmo é capacidade somente humana" (eu acrescento: o jacaré chora, por exemplo).  Bakhtin e Freud disseram cada um a sua maneira que o riso zombeteiro pode enfrentar a dor e a obscuridade de encarar a morte. E por fim, recentemente, o Roberto Damatta retomando outros grandes contou-nos que o riso ou rir dos poderosos, dos políticos poderia ser aquilo que como a morte nos coloca a todos como seres humanos comuns. Há um poeta de que cada vez gosto mais que se chama Nelson Ascher. Contemporâneo, vivíssimo e em plena atividade, publicou seu último livro de poesias em 2005. A poesia de Ascher é irônica sem ser cínica e nos convida, sabendo que "todos os trilhos vão dar no matadouro", a olhar para o fim silencioso e brutal com a única das armas possíveis: o humor. A sátira, então, para estes pensadores e para o nosso poeta seria a maneira de lidar com a banalidade da vida e com a conformidade de que todos somos, de alguma maneira, comuns em momentos pontuais de nossas vidas. Ao final, o que eu pretendia dizer é que não há respostas para perguntas que se refiram ao sentido das coisas e da existência humana, que a vida é miserável e comum, mas que ao menos podemos aproveitar para ler uns bons livros enquanto ainda nos resta a visão e um tempinho cá na Terra (que como tudo, vai acabar também). Recomendo vivamente a leitura de "Parte Alguma" de Nelson Ascher.

"O FILHO ETERNO".  TEZZA, Cristovam, Record, 2009.

"TRAPO". IDEM.

"UM ARTISTA DA FOME/A CONSTRUÇÃO". KAFKA, Franz, Companhia das Letras, 1998

"HOMEM COMUM". ROTH, Philip, Companhia das Letras, 2006

"A MORTE DE IVAN ILITCH". TOLSTOI, Liev, Edições Saraiva, 1963

"PARTE ALGUMA". ASCHER, Nelson, Companhia das Letras, 2005.

14 Pitacos:

Leo disse...

pô Juliano, 'moro EM Jaçanã' é muito mais musical do que NO Jaçanã! Licença poética pro velhinho do Bexiga! hahahahaha
vou atrás de suas dicas!
abração!

Tatiana Machado disse...

Pura associação livre, tá?! Lembrei-me de uma frase de Salvador Dali, da qual tomei conhecimento há muitos anos em uma exposição no Masp e me chamou muito a atenção. Era mais ou menos assim: "Vem, morte, mas escondida o bastante para que eu não te sinta chegar, porque o prazer de morrer poderia me trazer de novo à vida".

Ducerisier disse...

Criatura! Confesso que desde terça tenho convivido com a sensação de ridículo ao me dar conta de que vasculhava o seu mural a procura de um link.
A sensação se intensificou hoje (ontem, estou transcrevendo o que escrevi no caderno), misturada à uma decepão por não encontrá-lo.
E qual não foi a minha supresa ao chegar em casa e olhar (por uma última vez, como eu mesma me disse) e achar o tal link!?
Senhor Juliano, o senhor se superou. Não preciso lhe elogiar, mas me sentiria perdendo uma oportunidade e tanto, pois imagino se algum dos meus escritores favoritos estivesse vivo e tivesse um blog (o Douglas com certeza teria) eu escreveria todos os dias, elogiando-o impunemente.
Você me surpreendeu ao me fazer degustar uma crítica ou mesmo uma prévia de análise literária. Sou toda ficcional e esse tipo de texto costuma me deixar pouco absorta, começo a pensar em outras coisas, vou me distraindo até não ter idéia do que estou lendo... Não foi o que aconteceu.
Quer saber do que eu gostei? Então, você começa falando sobre Cristovão Tezza e emenda na tuberculose, passa para Jaçanã, retoma a história do morador de rua que vive numa árvore, comenta sobre a ceifeira e acaba por rir. Se me dissessem que eu leria um texto que costurasse essas coisas eu provavelmente franziria o cenho e pensaria se tratar de uma dessas misturas como costela no bafo acompanhada por um copo de leite com chocolate (tomo leite com costela no bafo, mas isso não é algo do qual me orgulhe). E não... Os textos dialogam entre si, não se perderam, fazem sentido ao serem lidos separados, mas se complementam ao serem lidos juntos e ganham N significados... Até à minha querida tuberculose você cedeu espaço! (decidi que vou parar de fumar...)
Ainda vou lê-lo algumas vezes, porque tenho a impressão que você escreve coisas que mudam de face cada vez que eu olho e tenho gostado disso... Eu gosto (o verbo é outro, mas não sou uma pessoa expansiva) das palavras que você elege e de como elas conversam entre si, e dos elos que criam... Adoro essas correntes que você faz.
Beijos na ponta dos seus dedos e tiro meu chapéu para seus hemisférios, direito e esquerdo (dizer o contrário seria muito estranho).

Lívia disse...

Eu adorei.

Achei o texto solto, natural, que vem de quem tem intimidade com papéis e livros e que quando lê, lê muitos (essa coisa de quem lê "um pouquinho" como você e forma teias entre enredos, que anota e pensa e forma).
Algumas palavras, verbos, combinam tanto com sua escrita, adoro quando usa "campear" e quando eu preciso ir ao dicionário.

Adorei as associações e, sobretudo, a maneira como ordenou a 'vida'. Senti que passei pelas agruras de um jovem, pelas explicações e auto-enganos de um adulto e pela serenidade risonha de um senhor. Isso lendo tudo junto (que pra mim fica mais gostoso), mas separado fica tudo nos conformes, como já observado por aqui.

Adorei, também, que recomenda "vivamente" as leituras. Num mundo onde todos os trilhos vão dar no matadouro, onde o futuro que não é a morte é sempre incerto, é sempre bom descansar a cabeça das perguntas sem resposta pra deixar que as coisas sejam explicadas pelos outros personagens dessa vida (ainda mais quando soltos nas páginas por gênios clássicos ou contemporâneos).

Parabéns!

"Eu não sou eu nem sou o outro,
Sou qualquer coisa de intermédio:
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o Outro"

também pensei muito naquele poema "A duração", do William Carlos Williams, sabe?

Beijo.

Lívia disse...

"5 stages of grief"... é isso!
Negação,raiva,negociação,depressão e aceitação. Eu aprendi com o doutor House, rs. E isso me acompanhou na leitura desse último post.
Não sei se foi sua intenção,acho que não, mas foi o que me pegou como leitora, na hora.
Que doideira que é ler com um monte de coisas na cabeça, isso é coisa de maluco, só você é bom nisso...rs

outro beijo

Maria Flor disse...

Em todos os seus textos, há sempre, e muito, uma forma de depreciação do autor, da sua pessoa em particular e principalmente do que vc escreve. Não faça isso. Apenas escreva, que isso vc faz muito bem. Comentar e elogiar deixa pra nós que gostamos do que vc escreve. Criticar e depreciar deixa pra aqueles que não sabem escrever e muito menos entender uma mente brilhante como a sua. Eu não sei escrever e nem fazer comentários como os que aparecem aqui, por isso nunca comento, mas leio e gosto muito de ler o que vc escreve. Não pare de escrever, escreva qdo tiver vontade, o que tiver vontade, mas escreva sempre.
Beijo

Sofia S. disse...

Maria Flor levantou uma questão interessante: o excesso de auto-crítica e a exteriorização da mesma na grande maioria dos textos que você produz.
Você escreve quando, como e o que bem entender, sabemos, mas auto-depreciação em demasia é algo cansativo, na minha singela opinião. Se aceitar uma dica: use tal recurso com moderação, ainda que faça parte do seu estilo literário. Acredito que uma porção considerável de seus leitores agradecerá.
PS: A ironia é que devo lhe agradecer por tal excesso. Hoje, penso duas vezes antes de me depreciar.

Juliano Machado disse...

Maria Flor e Sofia S. Gostaria de conseguir responder a todos os comentários que me são feitos aqui, para tentar estabelecer um diálogo que sempre é muito produtivo com o leitor. Acontece (deussabecomo) que sinto dificuldade muitas vezes em me expressar diante dos comentários. Preciso me policiar a fazer isso e vou começar com vocês duas personagens (não ligo que sejam anônimas, mas há um quê de liberdade indiscreta nessa modalidade).

A questão da depreciação ou auto-crítica nos textos é somente uma opção estética (quanto a exteriorização, como fazê-lo sem fazê-lo? Sugestivamente? Há muitos excertos em que tento deixar inaudito a depreciação da personagem, mas é bem provável que não consiga, uma vez que não sou escritor). Eu dizia, o que vocês chamam de depreciação é uma opção estética. É preciso notar, primeiro, o óbvio: não sou eu, são personagens. Depreciar (vou ficar nessa palavra porque vocês a usaram) a personagem é criar um ambiente sensorial que dê conta e cabo de mostrar a confusão interna, o desespero interior porque passa essa personagem em sua busca ou luta contra si mesm e as coisas da vida da qual não se sente parte ou não consegue compreender. A auto-crítica do texto, neste sentido, funciona da mesma forma porque os textos têm sido em primeira pessoa, logo, é a própria personagem quem se encarrega de criar o ambiente descritivo na qual está encerrada. Se notarem, em textos mais antigos, em terceira pessoa, não existe esse recurso porque ele não é cabível (é cabível do ponto de vista de que há texto em que o narrador também é um personagem, enquanto autor, mas essa é uma discussão teórica mais longa). A Tatiana Machado e a Lívia costumam dizer que eu tenho um estilo. Eu não acho que tenha, mas busco por um. E em textos em primeira pessoa, a função estética da depreciação é buscar um estilo em que o conteúdo emocional (sei que me repito)só pode ser expresso no sentimento de vileza, fraudulência e ilegitimidade em que a personagem está imersa. E como é ela própria quem conta sua história, nada mais natural que reduza o que escreve ao nível que reduz a si própria: vil, mesquinha, submissa - mas muitas vezes arrogante. A única recomendação realmente válida para quem lê os textos é não confundí-los comigo, o autor, Juliano Machado. O resto das críticas, claro, são bem vindas e seus comentários suscitaram interessantes debates. Obrigado por visitarem o blogue e comentarem.

beijos

Juliano Machado

Juliano Machado disse...

Leo, era só pra encher o saco. Sei que é o ritmo é quem manda e o velinho do bexiga é meu mestre interior, adoro-o, cantarolo-o debaixo da garôa fina. Obrigado por ter vindo ao blogue, lido e comentado.

abraços.

Juliano Machado disse...

Tatiana Machado, conhecia a frase do Dali e é interessante, embora não dê pra saber o que se passa na cabeça de tal gênio. Raul Seixas, um outro que considero gênio também escreve uma canção sobre a morte em que se refere a ela nestes mesmos termos embora indague-se mais acerca de quando ela chegará. Nos meus textos, não importa quando nem como ela virá, mas a certeza da vinda que torna a vida, para a opção estética de quem tem contato as histórias, inviável de um ponto de vista do sentido da existência.

Obrigado por vir ao blogue, ler e comentar.

Maria Flor disse...

Juliano, na verdade não foi isso que eu quis dizer. Eu me refiro as depreciações que VOCÊ faz a VOCÊ mesmo, o autor. Um exemplo, no seu próprio comentário: " mas é bem provável que não consiga, uma vez que não sou escritor" Vc é escritor, uma vez que escreve e é lido. E se é lido e até comentado, através de elogio ou crítica, é pq seus textos atraem leitores e consequentes comentários de quem gosta e de quem desgosta. No fim, gostando ou não tais leitores estão sempre aqui lendo-o. Na minha modesta opinião, não estariam aqui lendo o que vc escreve, aqueles que o criticam, se vc não conseguisse, ao menos, "cutucá-los". Não sei se me fiz entender...
Mas, repito: escreva que isso vc faz muito bem. Deixe as críticas e elogios por nossa conta, seus leitores assíduos.
Beijo

Sofia S. disse...

Consegue, sim. Conseguiu de maneira irretocável em 'ESCATOLOGIAS', por exemplo. Nele, o ambiente sensorial, ao meu ver, foi construído majoritariamente pela narrativa dos fatos, pela trama em si, sem que você precisasse enfatizar inúmeras vezes e dizer com todas as letras que o personagem é miserável. Enfim, acho mais interessante quando você usa esse tipo de artifício, entende? Mas é um problema meu e a dica foi dada para que, caso queira, abra seu leque de opções e conquiste leitores com gostos diferentes, se isto, por acaso, lhe interessar.

Juliano Machado disse...

Anti eu mesma ana atômica, não procure mais links às terças, os textos agora só chegarão às quintas!

Sabe que fiquei muito feliz com seu comentário. Saber que prendi um leitor que normalmente não se interessa pelo tema de uma certa crônica é um elogio enorme ao texto. A idéia geral era esta mesma: falar de livros relacionando-os com algo um pouco mais palpável mostrando que a literatura é o universo da imaginação e da linguagem mas que essas duas coisas não existem sem o cotidiano massacrante (ou maravilhoso, vá lá que o haja) que nos circunda (personagens, autores, leitores).

Obrigado por vir e comentar no blogue.

um abraço

Juliano Machado disse...

Lívia, fico abobado como você sempre pega o ponto exato do que eu queria dizer, não só na argumentação no conteúdo, mas no sentido estético, a percepção de como a construção estilística contribui para a comunicação. Dá um pouco de medo e orgulho ao mesmo tempo, porque você desnuda com seus comentários quase que exatamente as minhas intenções. Isso é bom! Mas é bom porque o texto é bom ou porque você é excelente leitora? Importa pouco, muito obrigado por vir aqui ler e comentar tão precisamente. Claro que me lembro do poema do Williams, valerá ainda um poste um dia desses.

Quanto ao seu segundo comentário, tenho que ser sincero: coube! Mas eu seria mentiroso e hipócrita se disssesse que pensei nisso, mas deveria ter pensado, obrigado por pensar por mim...rs

p.s. - eu não sou maluco, apenas um pouco abobado.

Beijo.