A primeira vez que tomei contato com esse negócio de microestórias foi por volta do ano 1999. Hoje a balbúrdia que já foi grande serenou e no final nem mesmo as iniciativas de microcontos do Marcelino Freire vingaram muito.
Não me recordo onde vi, nem como cheguei até ele, mas o nome que me apresentou a novidade foi Luis Landero, um escritor espanhol nascido por volta da metade do século passado que certo dia inventou um tal “Círculo Cultural Faroni” (que tão pouco sei do que se trata). O caso é que foi lá que eu conheci a idéia de construir histórias em quinze linhas. Havia um prêmio anual em língua espanhola e me recordo que o vencedor de um dos anos descreveu em quinze linhas como Gregor Samsa teria ido, afinal, depois de se transformar num inseto monstruoso trabalhar em sua empresa, onde logo foi congratulado por chegar mais cedo (foi voando) e depois realocado em nova função em função de suas novas características.
Envolvido que estava pela “Jangada de Pedra” do Saramago, à época, me aventurei nas quinze linhas, saiu o que se segue:
O Discóbolo
Ninguém ignora ser Joaquim Sassa um exímio discóbolo, como ficou provado quando lançou uma pedra pesada qual fosse ela dessas maneirinhas. Cansou-se pois de esperar aonde iria ter a península Ibérica, mudada em bote de pedras e resolveu tornar à praia onde um dia descobriu jazer em seu corpo forças que não poderia supor. Então apanhou uma pedra grande, com esforço acomodou-a na mão direita, deixando-a assente em toda a parcela da mão e também por um pedaço do pulso. Com os movimentos de discóbolo, não experiente, mas convencido por resultados de sua competência, tencionou, e o fez, jogar a pedra ao mar cuidando que como outrora fosse ela chapar na água três vezes antes de afundar, já numa distância maior que o singelo recorde mundial dessa modalidade. Não lhe saiu feliz a empresa. A pedra escapou-se-lhe da mão uns centímetros e foi cair no seu pé esquerdo. Irritadíssimo, chutou violentamente a pedra, atitude antes de adolescente lunático do que de homem cabal. Feriu também o pé direito, e não consta que a península tenha parado.
Não por agora, que ando sem paciência, mas pretendo ainda aqui na Bazófia copiar um concurso de relatos breves, mais ou menos dessa maneira para que vocês leitores participem e quem sabe se divirtiam.
Não me recordo onde vi, nem como cheguei até ele, mas o nome que me apresentou a novidade foi Luis Landero, um escritor espanhol nascido por volta da metade do século passado que certo dia inventou um tal “Círculo Cultural Faroni” (que tão pouco sei do que se trata). O caso é que foi lá que eu conheci a idéia de construir histórias em quinze linhas. Havia um prêmio anual em língua espanhola e me recordo que o vencedor de um dos anos descreveu em quinze linhas como Gregor Samsa teria ido, afinal, depois de se transformar num inseto monstruoso trabalhar em sua empresa, onde logo foi congratulado por chegar mais cedo (foi voando) e depois realocado em nova função em função de suas novas características.
Envolvido que estava pela “Jangada de Pedra” do Saramago, à época, me aventurei nas quinze linhas, saiu o que se segue:
O Discóbolo
Ninguém ignora ser Joaquim Sassa um exímio discóbolo, como ficou provado quando lançou uma pedra pesada qual fosse ela dessas maneirinhas. Cansou-se pois de esperar aonde iria ter a península Ibérica, mudada em bote de pedras e resolveu tornar à praia onde um dia descobriu jazer em seu corpo forças que não poderia supor. Então apanhou uma pedra grande, com esforço acomodou-a na mão direita, deixando-a assente em toda a parcela da mão e também por um pedaço do pulso. Com os movimentos de discóbolo, não experiente, mas convencido por resultados de sua competência, tencionou, e o fez, jogar a pedra ao mar cuidando que como outrora fosse ela chapar na água três vezes antes de afundar, já numa distância maior que o singelo recorde mundial dessa modalidade. Não lhe saiu feliz a empresa. A pedra escapou-se-lhe da mão uns centímetros e foi cair no seu pé esquerdo. Irritadíssimo, chutou violentamente a pedra, atitude antes de adolescente lunático do que de homem cabal. Feriu também o pé direito, e não consta que a península tenha parado.
Não por agora, que ando sem paciência, mas pretendo ainda aqui na Bazófia copiar um concurso de relatos breves, mais ou menos dessa maneira para que vocês leitores participem e quem sabe se divirtiam.
p.s. - já sei, já sei que a história do discóbolo tem dezesseis linhas. Mas calculo que seja algum problema com a formatação ou qualquer coisa que o valha. Se não for corrigido prometo desclassificar a história da competição.
6 Pitacos:
Ave Maria, que post inútil.
Ai, Ju... não alcancei, como diz o Elcio. Li, reli, li de novo em outro dia, voltei a ler. Estou me sentindo um tanto topeira, e olha que não é por conta do "discóbolo". Talvez eu tenha que trocar o lobo frontal; talvez ler Jangada de pedra, que ainda não li; talvez simplesmente ler mais. Sei que causou angústia.
beijo
Hum. Postagem curta, porém não-grossa. Não sei bem o que dizer, nem qual seria a sua proposta. Mesmo assim vai um pitaco,então.
Entretido n'A Jangada de Pedra e informado a respeito das quinze linhas, vai lá e arrisca. O vencedor do prêmio criou uma solução (solução?)prática pra um desespero sem solução. Você foi lá e botou um desespero no Joaquim, que antes desse fracasso, triunfou no lançamento. Não dá pra ser feliz duas vezes? Dá pra ser feliz? O mundo não pára enquanto a gente se lasca?
Pensei no Discóbolo e na tensão que a ação toda envolve e que, no rosto, não se vê.
Ave, quanta abobrinha. E eu não li o livro do Saramago.
Como disse ali a Marlene: não alcancei.
Mas, gostei das linhas.
beijo.
Ana, Jesus apaga a luz. Também acho que foi um poste dos mais sem luz.
Marlene, não tem muito o que alcançar também não, mas a leitura do romance faria luz a muito coisa, imagino. Mas a idéia era a história se bastar. Gostei muito do entendimento da Lívia, logo aqui acima (e abaixo do seu comentário), talvez seja uma forma de esclarecer (há algo a ser esclarecido?...rs)
Mas obrigado por sempre deixar a sua sensação por aqui.
beijo.
Lívia, em primeiro lugar, não dá pra ser feliz. Em segundo lugar o mundo não pára enquanto a gente se lasca, mas às vezes acelera para a gente se lascar mais.
Seu comentário é certeiro, e mesmo não tendo lendo "Jangada de Pedra" (recomendo) chegou bonitinho onde eu pretendia. Aliás, seus comentários têm sido melhores do que o texto, o que deixa o blogueiro em questão perplexo mais feliz, com mais um motivo pra se orgulhar.
beijo.
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