Torno hoje a este blogue. Entre as muitas ausências e as escusas de que me utilizei para justificá-las, creio ter sido a última o trabalho. Ou não, quem sabe? O caso é que importa pouco o que eu tenha dito (curioso isto: vem-se a um blogue a lê-lo e o escriba sugere importe pouco aquilo que ele mesmo escreve). Parei por não ter nada de importante a dizer. Ao que remete à pergunta óbvia: o que há para trás, isto e o que haverá para frente são importantes? Tampouco.
Saramago gostava de dizer que escritores que não são poetas quando escrevem versos é porque estão apaixonados. Eu, como não sou escritor, quando resolvo escrever (como agora voltar) é porque preciso me despedir. E preciso me despedir. Não sei dar abraço, não sei pedir desculpas, não sei dizer adeus. Na próxima semana venho com texto novo, mas ainda nesta pretendo publicar alguns que saíram para participar de uma rinha de contos.
Fui ao Houaiss (um alfarrábio de papel, sim, isso ainda existe) e descobri que a palavra despedida comporta o significado (não me surpreendi demasiado), verbo transitivo, ‘expelir’, ‘lançar de si’. Então segui adiante e encontrei “despir” que aceita um outro sentido que é ‘largar’, ‘abandonar’. Não faço conclusão nenhuma já que seria clichê juntar as coisas só porque foneticamente se aproximam, mas fiquei pensando que, na Bazófia, menos me dispo do que me despeço, mas que para me despedir vou precisar me despir, não aos leitores, mas ao ecrã, para que haja algo que valha a pena ser lido. A Bazófia ainda não será um diário. Mas ao que parece caminha a passos largos para tanto.
0 Pitacos:
Postar um comentário