terça-feira, 9 de setembro de 2008

Bazô

Voltei para a Bazófia. A Bazófia voltou. E por que voltei para a Bazófia voltou? Pelo motivo diametralmente oposto do abandono anterior: a felicidade. Estou feliz. Estou alegre. Estou rindo á toa. E com vontade de escrever, de escancarar essa alegria que parece vir de fora e se misturar com uma que já está cá dentro, causando um congestionamento por todos os meus poros, como se eu pudesse estourar de contentamento. Ei, esperem! Há motivos. Os há vários. Conto. Eu conto. Enumero, a seguir, algumas das razões do eflúvio sorridente de bonança:

a) Dinheiro. O serviço assoma de tanta paga. Cresço, não estou ficando rico, mas poderei em breve passar quinze dias na Europa sem esforço. Além disso, uma quantia que estava encalacrada em burocracias mil resolveu adejar minha conta bancária. Ora, que faço? Compro um carrão, novo, brilhante, feroz.
b) A saúde. Não me lembro de sentir-me tão bem nem quando tinha quinze anos, idade em que só as espinhas é que faziam feio. Meu organismo parece o de um urso, e sequer uma gripe posso apanhar.
c) As relações familiares. Aproximei-me sobremaneira de meus entes querido. Os diálogos agora fluem, vemos-nos sempre, sempre, com alegria dividimos almoços, jantares, faina vária. Já a liberdade de confidenciar cada probleminha por menor que seja faz a cumplicidade expandir-se em afetos trocados, abraços e beijos macios.
d) A formação acadêmica. Finalmente pude regressar a estudos perdidos para trás, amarelados nos livros guardados. E agora vou de vento em popa correr atrás de conhecimento formal que me trará títulos e quem sabe medalhas.
e) O amor. Bem, é verdade que o grande amor ainda não apareceu, mas sei que está aí na esquina. Se calhar já me espreita por detrás de alguma árvore. Com tudo caminhando assim tão bem, estou bonito e a minha pele parece mais jovem, de modo que demora quase nada e a mulher mais incrível do mundo me abraçará logo amanhã.

Então, é isso. Por que entristecer-me com ipês-rosa se a árvore do quintal da minha casa dá as flores brancas mais lindas de setembro? Tudo me parece tão claro, tão languidamente dourado... E por isso eu volto a escrever. Para despejar palavras insensatas de tamanha alegria nesta Bazófia que agora queria se chamar Bazofinha, Zozó, Bazô ou qualquer outro nome menos sisudo para dar cara à face do signatário que não cabe em si diante das cores da vida. É melhor ser alegre que ser triste, a alegria é a melhor coisa que existe, é assim como uma luz no coração. É sempre bom lembrar que um copo vazio está cheio de ar.

A Bazô volta então para falar de alegria, de olimpíadas, de flores, de crianças, enquetes, as diferentes maneiras de fazer amigos, cem dicas de beijos e abraços, dos shows da Ivete Sangalo. Nada mais de solidão, praças frias, acidentes automobilísticos ou perdas doloridas. As personagens estão já mudadas e agora sorriem, divertem-se e enxergam a bondade e a beleza do simples homem.

17 Pitacos:

Anônimo disse...

Ué, normalmente não são três pilares? A formação acadêmica não era pra entrar no dinheiro... Ach oque com Ivete vc vai se sair bem.

Anônimo disse...

Criação é criação, vontade é sim pedida, mas não existe inspiração. Você acha?

Então pinte a felicidade e bondade e beleza do simples homem ou rascunhe a angústia do mesmo.
A gente quer ler e alcançar a sua sempre muito boa ficção, seja ela em cores de flores ou ocres de folhas.

um beijo.

Anônimo disse...

Que assim seja!

Unknown disse...

Jú,
Que otimismo fantástico!
Beijinho.

Anônimo disse...

Oi, Ju.
Não é a primeira vez que leio um texto seu e ao abrir a janelinha para fazer um comentário, Lívia já o fez e, certamente, com mais sensibilidade, beleza e poesia do que eu o faria :o)
beijo
marlene

Jú Pacheco disse...

Ai que animado!

Se Juliano Machado já era bom melancólico, o que será dele transbordando felicidade?

Adoro!
E espero!

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

� t�o bom ver o outro feliz...ainda mais se esse outro � uma pessoa t�o bonita como vc, n� Ju?

Um beijo !

Juliano Machado disse...

Ana, há quanto tempo? Seja bem-vinda de volta.

Sim, você tem razão, com a Ivete eu sempre meu dou bem, ei, quem nãos e daria, né?

Juliano Machado disse...

v, levanta, sacode a poeira dá volta por cima... dá samba, mas raramente dá liga.

Juliano Machado disse...

Lívia, eu não acho nada, até porque quem acha não acha nada.

Mas obrigado pea 'muito boa ficção'.

Vou tentando e esperando sempre você esteja aqui lendo.

um beijo

Juliano Machado disse...

Telma K, ou que assim não seja. Mas que você continue aqui.

Juliano Machado disse...

Patrícia, será que este otimismo não poderia ser aceito no quarteto fantástico? Ele é ótimo.
beijinho

Juliano Machado disse...

Marlene, seus comentários sempre são ótimos e sensíveis e concordo que os da Lívia são assim também. Só quem não merece é que tem a sorte de ter as duas como leitoras: eu.

beijo

Juliano Machado disse...

jú pacheco, meudeus, vou ganhar o nobel dos blogues!

Juliano Machado disse...

ju amoroso, com certeza é mais bonito, dizem que felicidade faz bem pra pele.

um beijo

Anônimo disse...

Ju
só estou um mês atrasa (lendo somente gora)
e q delícia esse texto, contagiante.
Mas por incrível que pareça,
estava me sentindo assim ontem, depois de uma festa, depois de um beijo... como é bom renascer!
Isso mesmo, pode não parecer nada, não significar nada prá ninguém, mas algumas coisas nos tocam tão fundo e nos são muito importantes. As vezes nos deixamos levar pela melancolia, pelo saudosismo, mas estar alegre, é bom demais!!
E realmente nos deixa mais bonitos, pois a felicidade irradia luz pelos olhos, deixa os lábios mais vermelhos... tudo no seu corpo funciona melhor! Você fica mais presente na vida do próximo, faz tudo com mais carinho e atenção, escuta melhor as pessoas... E estando alegres, somente pensamentos bons ocorrem, só atraímos coisas boas pra nossa vida, gente boa, enfim... a lei da atração.
Adoro ler seus textos, preciso estar mais presente.
um beijo
Re