No dia 28 de fevereiro de 2007 resolvi criar um blogue (baseado num outro sítio, com outro endereço). Naquela época os blogues ainda gozavam de um pouco mais de prestígio, o Facebook engatinhava, Twítter sequer existia. A internete mudou vertiginosamente (como aliás ela muda mesmo), eu mudei um bocado e o blogue foi se arrastando com duas interrupções pontuais porque eu simplesmente não tinha mais nada para dizer. Portanto, esta será a terceira e última vez que volto a escrever nesta Bazófia. Se por qualquer motivo parar, comprometo-me (sobretudo comigo mesmo) a nunca mais tentar e a tirar tudo isto aqui do ar.
Não estou voltando porque acho que agora tenho o que dizer, continuo acreditando que, ao contrário da internete, não evolui nada nos anos que se passaram. Acontece que me meti num trato, fiz uma espécie de aposta e fui mais ou menos iludido. Mas tenho palavra e me comprometi a voltar. Cá estou. O curioso é que fui iludido por um sítio de relacionamentos que também não existia ao tempo que o blogue foi criado, o Formspring, lugar onde eu tenho uma audiência que minha pobre página de continhos e croniquetas nunca sonhou ter. Vem a calhar dizer também, já que entramos no assunto, que o bambambam do momento, (na minha opinião) o Facebook, também me proporciona um diálogo e uma audiência que a Bazófia, criança iludida, nem agora usando-se destes mesmos mecanismos (ou rede sociais, como queiram), vai alcançar. E isso porque ninguém gosta de ler coisas grandes (assunto pra desenvolver noutra oportunidade).
Pois bem, cá estou. Gostava também de dizer que três ou quatro pessoas nunca desistiram de me convencer a voltar a escrever e a que finalmente conseguiu (me iludindo numa aposta que eu perderia) foi sempre a mais freqüente leitora e entusiasta deste espaço (e é a quem dedico a dúbia honra deste retorno - dúbia porque me ler deve ser um porre). Citarei o nome destas pessoas em outra oportunidade. Vou tentar me divertir com as minhas angústias e tentar fazer a Bazófia interagir com o Twítter e o Facebook. Como? Não faço a menor idéia, talvez fazendo propaganda lá atiçando a que alguns novos leitores (se é que sobraram dos velhos fora os quatro citados) venham cá parar. Não estou feliz em voltar. Mas espero escrever com honestidade e respeito aos que por acaso estiverem por aí a me ler. Os textos sairão sempre as terças-feiras, exceto se alguma urgência os chamá-los antes (o que duvido), e deverão versar sobre as mesmas ladainhas de antes: as presunções de que acho que sou capaz de escrever e o meu umbigo.
Creio ser uma boa oportunidade, também, reproduzir o pobrezinho do texto que deu início a esta pantomima chamada Bazófia há quatro anos atrás, onde, aliás, poderão reparar, caros poucos leitores, que algumas coisas no meu modo de escrever mudaram, mas que ainda uso (e assim continuará) a regra ortográfica antiga. Não sou contemporâneo (isso também será assunto de um outro poste). Aí vai ele. Sejam bem vindos os malucos que quiserem ficar por aqui, a minha paciência diminuiu, os meus cabelos brancos aumentaram e minhas leituras não acompanharam o ritmo da passagem dos anos, portanto, se já não tinha nada a acrescentar, agora menos o terei, mas vou fuçar e bater os dedos nas teclas, até quando eu agüentar fazê-lo. Mazel tov (fiquei mais cínico últimos quatro anos, isso admito):
Lugar Comum
O lugar comum é dizer que "finalmente cedi a tentação de ter um blog, blablablá". Não vou fazer isso, o óbvio é que estou aqui blogando (odiável palavra, vou pensando em outra, que em princípio me parece ser mesmo "escrevendo", oras) porque o blog passou a existir.
O caso é que há cerca de dois anos eu publicava no jornal "O Imparcial" de Araraquara uma coluna às terças-feiras falando do que me viesse na telha. O caderno era de cultura, e embora eu não a tenha em profusão, também é meu assunto (presunçoso como diz o título do blog) predileto. Aqui pretendo fazer o mesmo, exceto pelo fato de que quero apimentar a coisa com alguns comentários da imbecil vida araraquarense (e paulista, e brasileira e humana: presunção, presunção, presunção!).
Que já saibamos de antemão: este blog odeia ler no computador e despreza (claro, nem tanto) os mecanismos de internete. O negócio aqui é livro de papel o mais possível e revista e jornal tanto mais também. Então, para começo de conversa, o significado da palavra bazófia está em qualquer bom dicionário de língua portuguesa. Primeiro conselho do blog: vá ler o dicionário (ao que se estende o segundo conselho genérico: vá ler).
É isso. Espero que o blog Bazófia não entre na estatística (Folha de S. Paulo, Caderno Informática, 28 de fevereiro de 2007) dos 200 milhões de blogs iniciados e abandonados. É jogo de mão dupla, para as paredes eu me cansarei de escrever logo, se houver mais que um ou dois tijolos, aqui torno.
Sejam bem-vindos, um abraço.
4 Pitacos:
Ainda não tenho muito o que dizer, devo admitir que ao clicar em "atualizar" pela décima vez, fiquei com os olhos vidrados no título, novo!, e ainda não consigo comentar como acho que deveria. Uma coisa só acho que consigo pensar: lendo os dois textos só consigo pensar que algo mudou, Juliano. Arrisco dizer que a presunção talvez esteja dando espaço para a maturidade. Há muita diferença no tom dos textos, como já havia no decorrer dos escritos passados. E agora, o que virá?
Outra coisa: como leitora, te devo um 'obrigada'.
Beijo
Talvez a presunção só tenha dado lugar à tristeza e à resignação. Mas como tudo aqui nesta Bazófia é falso e mentiroso, nunca saberemos. Não agradeça Lívia, só eu quem posso agradecer que tenha estômago para continuar vindo aqui ler as bobagens que insisto em tornar públicas.
Beijo.
Fico realmente muito contente que você tenha voltado a escrever. Eu gosto de ler o que você escreve, de verdade.
De fato seu texto me parece, não sei se mais cínico, mas, mais ácido. Compõe um estilo, ou aprimora o estilo já existente.
Para além da grande satisfação em saber que você voltou a escrever aqui, não gosto do título desta postagem. É bem verdade que ele é coerente com o tom do texto, mas atesta uma promessa que me parece desnecessária, para não dizer tola. Por que diabos deveria ser esta a última vez, a última tentativa? Se precisou parar outras vezes e pôde voltar, tenho certeza de que deixou uns bons leitores muito satisfeitos com o retorno. Se, por qualquer motivo, não puder continuar por um tempo, mas depois encontrar algum estímulo para voltar, por que não poderia fazê-lo? Qual o sentido de comprometer-se com um fim definitivo?
De qualquer modo, estou feliz que tenha voltado e espero que não pare de escrever e publicar; estava com saudade de ler você.
Beijo.
Tatiana, obrigado pelo incentivo, sempre e em tantas outras coisas. Seu argumento é válido e racional, o que condiz com a idéia do ato de escrever. Agora, a parte teatral da coisa e do tal estilo (que eu não acredito que exista) está em representar o drama do nunca jamais, esta é última, e todo o conjunto de coisas que chamam a atenção para um cansaço, para a encenação de um aborrecimento que se cansa tanto que quer a última vez, logo. Teatro, personagem de mim mesmo. Mentira, como tudo neste blogue (mas juro que não volto mais se parar desta vez).
Obrigado pelo sempre incentivo.
beijo
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