Conheces o nome que te deram, não conheces o nome que tens. Chamava meu relógio Cássio G-Shock de Júpiter, minha régua de aço inox que ninguém no ginásio tinha de Indiana Jones. Meu primeiro bichinho, a gatinha preta assombrosa que comia vagem foi Panterinha, a Petô. Petô, esquisita, deu só uma cria que logo cri macho e acudi por Kepler. Era fêmea, mas Kepler ficou. Depois chamei Bromelga à beagle da avó e do pai (tadinha, foi Paçoquinha no princípio), e segui, já não tão menino, chamando Sofia, Pilar e Carmem às roseiras que o falecido avô me entregou a plantá-las.
Se o nome não muda o doce sabor que outrora em versos te havia dito. Então surgiu o Joaquim Sassa, furão, chamavam-lhe ferret. Joaquim jamais deixou de ser pronunciado, mesmo passados tantos anos de sua morte. E foi por isso, também, que não houve mais bichos, entretanto, para não perder a meninice, inventei de andar de bicicleta e, é claro, meti-lhe nome próprio: Beatrix Kiddo, a noiva magrela.
What's in a name? that which we call a rose by any other name would smell as sweet. Passei desfolhando o último momento e chamando nomes de muitos amores para deixá-los de chamar depois (se me chamaram alguma vez, não escutei). E nestes confusos instantes de nenhuma certeza, ela surge fagueira, risonha e linda bafejando o ar quente e dengoso no meu rosto: é minha, vem morar comigo. Parece simples, sequer preciso chamá-la e ela vem cá. O corpo balança suave, tem graça no andar mesmo inseguro, e nem liga não tenha nome, embora precise de um nome.
Sobejam o carinho e a atenção, e ainda se ambos mudos ela viria, lá como a fosse chamar. Mas é necessário um nome, precisamos, por força, de um nome: vagueio a pronunciar cauteloso: Dafne? Nua? Amaranta? Frieda? Tulipa? Virgínia? Não sei, ai meudeus, in nomine dei, não sei, não sei. Ela segunda-feira chegou e hoje, já terça, sem nome não podemos estar. Quem idéia tiver (que seja nome, alcunha, apelido, hipocorístico ou pseudônimo) favor enviar o mais depressa possível ao endereço que mais rápido se escreva pois ela precisa ser batizada. Afinal, o tempo não cessa e já tendo eu o meu próprio, espero ansioso o de minha companheira no eminente esquecimento. Duas vezes se morre: primeiro na carne, depois no nome.
Se o nome não muda o doce sabor que outrora em versos te havia dito. Então surgiu o Joaquim Sassa, furão, chamavam-lhe ferret. Joaquim jamais deixou de ser pronunciado, mesmo passados tantos anos de sua morte. E foi por isso, também, que não houve mais bichos, entretanto, para não perder a meninice, inventei de andar de bicicleta e, é claro, meti-lhe nome próprio: Beatrix Kiddo, a noiva magrela.
What's in a name? that which we call a rose by any other name would smell as sweet. Passei desfolhando o último momento e chamando nomes de muitos amores para deixá-los de chamar depois (se me chamaram alguma vez, não escutei). E nestes confusos instantes de nenhuma certeza, ela surge fagueira, risonha e linda bafejando o ar quente e dengoso no meu rosto: é minha, vem morar comigo. Parece simples, sequer preciso chamá-la e ela vem cá. O corpo balança suave, tem graça no andar mesmo inseguro, e nem liga não tenha nome, embora precise de um nome.
Sobejam o carinho e a atenção, e ainda se ambos mudos ela viria, lá como a fosse chamar. Mas é necessário um nome, precisamos, por força, de um nome: vagueio a pronunciar cauteloso: Dafne? Nua? Amaranta? Frieda? Tulipa? Virgínia? Não sei, ai meudeus, in nomine dei, não sei, não sei. Ela segunda-feira chegou e hoje, já terça, sem nome não podemos estar. Quem idéia tiver (que seja nome, alcunha, apelido, hipocorístico ou pseudônimo) favor enviar o mais depressa possível ao endereço que mais rápido se escreva pois ela precisa ser batizada. Afinal, o tempo não cessa e já tendo eu o meu próprio, espero ansioso o de minha companheira no eminente esquecimento. Duas vezes se morre: primeiro na carne, depois no nome.
* - o título é furto ou plágio de José Saramago, do romance homônimo.