Todo mundo se lembra do quadro do Munch que se chama “O grito”. Creio ter lido, alhures, que este quadro talvez mostrasse para o homem moderno que “deus está morto e o materialismo não dá alívio”. Considerando-se que deus não tenha morrido, uma vez que sequer nasceu para que lhe crescesse a barba, e que não faço a menor idéia do que seja materialismo (para não falar do histórico), só consigo lembrar do tal de Nietzsche que escreveu aqui e ali sobre esse treco da morte de deus. Vai ver que este homem moderno herdou o progresso do iluminismo e se julgou liberto das superstições, opressões e o caramba de quatro para mistificar o deus razão... blablablá chato, ladainha cansativa. Na verdade pensei mesmo em falar da angústia, mas isso me puxou o pé pelo quadro, que me puxou o pé pela análise dele, que me puxou pelo Nietzsche que me puxou pelas minhas livres associações cretinas (aqui não é o blogue da Tatiana, portanto, as associações do escriba são idiotas mesmo). Se o cronista não tem do que falar, porque é que não se cala, como perguntou o rei ao caudilho? (já lembrei de Tocqueville e Hayek, do estado que transforma o cidadão em adulto infantilizado? Jesus Cristo Super Star eu quero um uísque, por favor).
Por vezes a angústia turva o pensamento, as sensações e a iniciativa. Mas, interessantemente, turva ainda mais a expressão do rosto do angustiado, desde lá de baixo contraindo o estômago. Senão quando se mete a mão para a cabeça a segurar o cérebro, os ouvidos de ouvir. Muito aliás, sem análises técnicas de pintura que não sei fazer, não dá cá para nós uma sensação bem turva “O grito”? Evidentemente, o que causa angústia a la Munch cada um o sabe para si, contudo, a face crispada é espelho para todos nós os normais.
Restaria saber, se o caso fosse, como a angústia cessa: uma vez se deixará deixar de existir num assim como se oscilássemos de lado o rosto, suavemente, tirando do campo de visão o Munch. Outra vez será assim um olhar tão fixamente para a pintura que a visão anoitecesse e expirasse, os olhos se fechassem e dormíssemos no rés-do-chão. Pelo sim ou pelo não, acaba-se com a angústia (e/ou tudo o mais) saltando fora da ponte do quadro. Ora, é evidente que algum arauto do otimismo virá me contar que faltou uma possibilidade, qual seja resolvê-la numa alegria qualquer. Mas ora ora, cego como o João Cabral de Mello Neto morreu, digo que isso também é ladainha, e só cola para quem adora rir à toa e costuma se dizer feliz o tempo todo.
p.s. – Peço perdão aos leitores como a Jú Pacheco, a Veridiana, o Elcio, a Tatiana, a Marlene, a Telma, e quem mais aí esteja por ficar citando esse monte de nomes que vocês já leram e entendem. Eu fiz um angu de goma enfiando tudo que me veio à mente por conta de duas prerrogativas e uma necessidade: prerrogativa a) não os li muito e menos ainda entendi o que disseram; prerrogativa b) o blogue é meu; única necessidade a) por óbvio, precisava publicar um texto hoje, terça-feira, sem absolutamente ter algo a dizer dizer.
Por vezes a angústia turva o pensamento, as sensações e a iniciativa. Mas, interessantemente, turva ainda mais a expressão do rosto do angustiado, desde lá de baixo contraindo o estômago. Senão quando se mete a mão para a cabeça a segurar o cérebro, os ouvidos de ouvir. Muito aliás, sem análises técnicas de pintura que não sei fazer, não dá cá para nós uma sensação bem turva “O grito”? Evidentemente, o que causa angústia a la Munch cada um o sabe para si, contudo, a face crispada é espelho para todos nós os normais.
Restaria saber, se o caso fosse, como a angústia cessa: uma vez se deixará deixar de existir num assim como se oscilássemos de lado o rosto, suavemente, tirando do campo de visão o Munch. Outra vez será assim um olhar tão fixamente para a pintura que a visão anoitecesse e expirasse, os olhos se fechassem e dormíssemos no rés-do-chão. Pelo sim ou pelo não, acaba-se com a angústia (e/ou tudo o mais) saltando fora da ponte do quadro. Ora, é evidente que algum arauto do otimismo virá me contar que faltou uma possibilidade, qual seja resolvê-la numa alegria qualquer. Mas ora ora, cego como o João Cabral de Mello Neto morreu, digo que isso também é ladainha, e só cola para quem adora rir à toa e costuma se dizer feliz o tempo todo.
p.s. – Peço perdão aos leitores como a Jú Pacheco, a Veridiana, o Elcio, a Tatiana, a Marlene, a Telma, e quem mais aí esteja por ficar citando esse monte de nomes que vocês já leram e entendem. Eu fiz um angu de goma enfiando tudo que me veio à mente por conta de duas prerrogativas e uma necessidade: prerrogativa a) não os li muito e menos ainda entendi o que disseram; prerrogativa b) o blogue é meu; única necessidade a) por óbvio, precisava publicar um texto hoje, terça-feira, sem absolutamente ter algo a dizer dizer.
(na imagem, a única coisa que vale a pena do poste: "O grito", de Edvard Munch)
5 Pitacos:
Já falei que gosto muito quando você explicita seu processo de criação? Acho uma delícia ver que tenho parceria no COMO se dá em mim, na maioria das vezes, o caminho do construído. Sinto-me mais normal...rs
De qualquer forma, e por óbvio, mesmo que por única necessidade, teve algo a dizer sim sobre a angústia - essa condição humana inevitável!, e o fez de maneira bem interessante.
beijo
rs... sei lá... acho que eu recomendaria tomar um café, bem forte. e deixar pra lá essa nóia de ter que publicar às terças.
mas, pensando bem, qdo a gente tenta 'falar' da angustia sai sempre meio assim mesmo... esquisito. pensando agora acho que é porque a angustia é mesmo este ôco - da palavra, da sensação, do sentido...
e blablabla.
meu comentário tbem ficou assim, com jeito de quem comentou só para reforçar se esforço de escrever às terças.
Marlene, os processos criativos também me interessam muito,e também me sinto ete muitas vezes. Mas como de fato somos 'normais', acho que eles também não são assim tão maluquinhos.
Sobre o texto, eu nem bem sei se disso alguma coisa interessante, porque foi tão vomitado que eu me sinto mal.
beijo.
Jú Pacheco, pelo menos fico muito feliz de dividir com os meus leitores, não só angústia, mas a obrigação de escrever com a de comentar. Estamos todos aí no mesmo barco, e a espontaneidade e confiança do leitor só dá força para, enfim, publicar às terças.
obrigado.
Ju, eis exatamente o charme deste seu texto, está aí o que achei interessante: o raio x de seu processo criativo, seja da angústia vomitada, seja do vômito angustiado. Bingo!
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