A porta apenas encostada destaca-se na penumbra numa somente tonalidade de ocre. Um fio escorreito que é menos escuridão e sequer luz distingue-se porque cresce, lento, indeciso, e vai se tornando num triângulo isósceles que aumenta o ângulo de seu vértice. Da porta o vulto é da mãe. Ninguém lhe observa, ninguém a adivinha e a percepção do filho é somente, quem sabe, uma sensação táctil de um ar que tremula, diferença de pressão impossível de ser aferida. Ele mesmo sentado a um canto, e um pouco mais iluminado por uma réstia de sol que agora invade, fagueira e moleca as espessas cortinas (se outro fosse o tempo caberia melhor a colgadura), não se deixa notar. Se a luminosidade ora lhe é mais bondosa, a ausência absoluta de movimento equipara as duas figuras.
Cruzam-se. Movimentando-se em relação ao filho, a mãe passa. A luz vê movimento no repouso da mãe, o filho ultrapassa-lhe. Não há repouso absoluto, e por isso mesmo, qualquer vislumbre de confluência que apaziguasse o olhar. Não se percebe quem abriu as janelas e agora a luz escorreria abundante se deus não tivesse programado dias chuvosos. Entretanto os objetos saíram da penumbra. Um prato é um prato, uma xícara é bem uma xícara e cumprem suas funções de xícara e prato. Mas não estão. Nem a mãe, nem o filho, nem a louça estão. Adejam o soalho, adejam o mármore da pia, adejam os móveis todos da casa. Físicos, sabem que o tempo não é absoluto, imateriais, não se percebe cientificamente como deixaram de deslocar ar à sua passagem. O relógio do filho marca as horas que nem algarismos correspondentes possui o relógio da mãe. Ainda assim, escurece novamente antes da conveniência invernal.
As sombras retornam. Já não se sabe se xícara ou prato, se mãe ou filho. A casa é silêncio de trastes imperscrutáveis. Os relógios dissonantes concordam que é tempo de apenas encostar novamente as portas (sem agentes do movimento o ar farfalha e, suavemente, dança). A casa finalmente respira. E cuida por si mesma de tapar as frestas, vedar as nesgas, garantir o sono de mãe e filho, que lhe retribuirão não acordando de fato.
A porta apenas encostada destaca-se na penumbra numa somente tonalidade de ocre. Um fio escorreito que é menos escuridão e sequer luz distingue-se porque cresce, lento, indeciso, e vai se tornando num triângulo isósceles que aumenta o ângulo de seu vértice. Da porta o vulto é de alguém. Ninguém lhe observa. Ninguém pôde supor que o relógio acertou o compasso porque se tornou único, mas não sabe qual. Uma tesoura cortará o Anel de Moebius na largura, depois de tantas vezes tê-lo cortado no comprimento, esgarçado a um tal ponto sua única face só dupla que agora para recriá-lo em nova existência, apenas leve pressão será necessária, e a lâmina tão desgastada, não precisará de meio fio para o modificar.
A casa finalmente respira. Destapou as nesgas, abriu os interstícios todos, e parece que a luz agora entrará para colocar cada coisa em seu lugar, deixando as xícaras serem xícaras, os pratos serem pratos, a louça ser louça em sua variedade.
As sombras retornam. Já não se sabe se xícara ou prato, se mãe ou filho. A casa é silêncio de trastes imperscrutáveis. Os relógios dissonantes concordam que é tempo de apenas encostar novamente as portas (sem agentes do movimento o ar farfalha e, suavemente, dança). A casa finalmente respira. E cuida por si mesma de tapar as frestas, vedar as nesgas, garantir o sono de mãe e filho, que lhe retribuirão não acordando de fato.
A porta apenas encostada destaca-se na penumbra numa somente tonalidade de ocre. Um fio escorreito que é menos escuridão e sequer luz distingue-se porque cresce, lento, indeciso, e vai se tornando num triângulo isósceles que aumenta o ângulo de seu vértice. Da porta o vulto é de alguém. Ninguém lhe observa. Ninguém pôde supor que o relógio acertou o compasso porque se tornou único, mas não sabe qual. Uma tesoura cortará o Anel de Moebius na largura, depois de tantas vezes tê-lo cortado no comprimento, esgarçado a um tal ponto sua única face só dupla que agora para recriá-lo em nova existência, apenas leve pressão será necessária, e a lâmina tão desgastada, não precisará de meio fio para o modificar.
A casa finalmente respira. Destapou as nesgas, abriu os interstícios todos, e parece que a luz agora entrará para colocar cada coisa em seu lugar, deixando as xícaras serem xícaras, os pratos serem pratos, a louça ser louça em sua variedade.